Sul de Floripa

Skate é família e cultura

Dia dos Pais, no Sul de Floripa, tem Skate e Família, misturando competição e diversão, na mesma dose e sem preconceitos.

Se fosse feita uma enquete, para os pais escolherem um esporte ou uma profissão para seus filhos e filhas, pode ter certeza que há pouco tempo skatista não entraria numa lista de 100 opções.

Porém, depois de uma pandemia que enclausurou muitos dos movimentos de pais e filhos, de uma apresentação olímpica fantástica, com a participação de três manezinhos do Sul da Ilha… Não só pais estão atualizando o seu olhar sobre o skate, como até o prefeito de Florianópolis decidiu reformar e construir mais pistas de skate. Capaz até dele dropar no dia da inauguração!

Skate é família!

Sim, senhoras e senhores, o preconceito está derretendo com esse calor provocado por skatistas que tem esse esporte como estilo de vida.

Para a Família Carvalho, o skate já faz parte das suas vidas desde o século passado. O pai Cahuê já andava de skate desde muito cedo. E tudo porque morava em Curitiba e não podia surfar. O skate era algo que se aproximava das manobras que fazia no mar e acabou sendo fácil para ele se adaptar ao shape e as quatro rodinhas.

“Quando me mudei para Floripa pude ver como a cena no Rio Tavares era forte. E a ideia de uma escolinha para o filho Pedro veio quando ele tinha por volta de 6 ou 7 anos”, revela Cahuê.

A escolinha que o pai dos meninos skatistas, Pedro e Bruno, fala é a Hi Adventure, localizada no Rio Tavares e uma das responsáveis pelo fortalecimento do esporte em Florianópolis. Nessa época, começaram os campeonatos e a história da escolinha intensificou ainda mais a relação dos pais, que acabaram virando um grupo de amigos.

Pedro Carvalho, mesmo sem ainda ter se tornado skatista profissional, hoje com 16 anos, já corre em campeonatos abertos desde 2018, ao lado de skatistas profissionais. Ele revela que tem muito orgulho de ter crescido e treinado na pista de skate que seu pai fala.

Aliás, Pedro é citado por alguns skatistas do sul da ilha como referência para a gurizada. E, de forma humilde, se coloca para ajudar mais ainda.

“Sou muito grato por estar sendo referência para meninos que estão começando agora e estão pegando o skate numa fase muito boa. Espero que consiga os inspirar da melhor forma possível e que eles se divirtam muito com seu skate”, afirma o adolescente que já conta com três patrocinadores.

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Pedro Carvalho - felicidade nas manobras aéreas

Skate é Inspiração!

Inspiração é a palavra que pode traduzir o que o pai e skatista, Cahuê é para seus filhos. Ele sempre andou de skate e os filhos quando viram isso de perto. Muito perto mesmo.

“Eles ficavam no meio das minhas pernas. Desde bem cedo. O Pedro começou a participar de campeonatos quando fez 6 anos e o Bruno mal conseguia andar direito quando subiu no skate comigo”, confessa Cahuê.

A filha mais velha, Luana, também fez escolinha de skate, mas quando entrou na adolescência surgiram outros interesses.

Olhando para a foto dessa família, fica cliché dizer que eles são o verdadeiro presente do Dia dos Pais. Mas vale a pena arriscar a redundância.

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Família reunida!

Skate é Apoio!

Quando perguntado sobre apoio e interferência na carreira do filho Pedro, o pai não titubeia.

“Sobre a carreira do Pedro eu tento levar da forma mais natural possível. Por ele ser um adolescente que começou a competir na infância, com certeza a gente sempre tentou interferir e ajudar no que fosse melhor para ele. Até com a experiência que temos de vida. Sempre o estimulamos e o incentivamos, da melhor forma possível, para criar um caminho com um futuro bonito na frente”.

Cahuê, por apoiar os treinos do filho Pedro, fica mais próximo dele a maior parte do tempo. E o reconhecimento do filho, em uma das suas respostas, é admirável.

“Na minha carreira, como skatista, quem mais me apoia é meu pai. Sou muito grato por ter ele e por ele sempre estar ao meu lado. Ele me ajuda no dia-a-dia e nas diversas competições que a gente vai junto. É muito importante ter alguém que te apoia, do seu lado. Espero que mais pais como ele apoiem seus filhos, e com isso irão surgir mais skatistas bons pelo mundo” declara Pedro.

O Skate evoluiu!

Da época que o Cahuê começo a andar de skate até hoje, muita coisa mudou.

“Visibilidade, valorização, respeito e estilo de vida. Porque o skate não é só um esporte, tem toda uma história envolvida. É como um filme. E agora ver ele nas Olimpíadas, sendo que há um tempo ocorreu de algumas cidades proibirem o skate… Vemos, agora, pais levando seus filhos para andar de skate…”, diz Cahuê.

Pedro complementa dizendo que na história do skate havia um grupo de pessoas na sociedade que considerava os skatistas marginais e pessoas que não teriam um futuro no esporte.

“O skate tem diversas maneiras de ser praticado e definido, basta o skatista definir em qual ramo ele quer seguir. Sendo um atleta indo atrás de bons resultados ou andar de skate apenas para diversão e sem competir campeonatos”, fala Pedro Carvalho.

Questionado sobre quais skatistas da região ele acha que desponta num futuro próximo, Pedro não se intimida e cita nomes:

“Tem uma nova geração que vem muito forte e empenhada. Rafa Amorim, Vicente Rigobello, Nicolas Falcão e diversos outros treinando bem e se puxando na Hi Adventure. Essa é uma pista que eu frequento diariamente. Essa escola ajuda a criar novos skatistas todos os anos”, revela Pedro.

CURIOSIDADE

Skate é uma invenção de surfistas californianos, no início da década de 60.

E tudo para enfrentar as marés baixas que os impediam de surfar.
No início, inclusive, era chamado de ‘sidewalk surf’ ou surfe de calçada.

Mano a Mano

Pedro e Bruno muitas vezes não se desgrudam quando o assunto é skate.

Cada um no seu ritmo e mostrando que têm sua personalidade. No Ping Pong abaixo deu pra perceber o quanto falam línguas parecidas.

Pedro Carvalho

– Quantos anos você tem?
16 anos 
– Prefere vertical ou street?
Prefiro o Skate Park, que é o modelo de pista que eu mais me encaixo e que sempre me dediquei, mas gosto de andar em todas áreas “ skataveis “ 😂
– Qual sua manobra dos sonhos?
Não existe uma só , tem diversas manobras que eu quero aprender ainda, mas acredito que o kickflip 540 seja a dos sonhos 
– Quem você admira no Skate?
Meu skatista favorito é o Pedro Barros, pelo jeito de ele andar e por ser aqui de Floripa e sempre ser uma inspiração para mim e para as pessoas que estão começando a andar agora.

Acompanhe: @pedrocarvalhosk8

Bruno Carvalho

-Quantos anos você tem?
9 anos
– Prefere vertical ou street?
Park e vertical
– Qual manobra você sonha em fazer?
540
– Quem você admira no Skate?
Meu irmão, Pedro Barros, Luizinho, entre muitos outros, cada um tem um estilo, então depende, mas são vários!

Acompanhe: @bruninhocarvalhosk8

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Pedro e Bruno curtindo juntos

Uma coisa é certa: as Olímpiadas mostraram para o mundo o que o Cahuê, o Pedro, os skatistas do Rio Tavares, de Floripa, do Brasil e do mundo já sabiam! Skate é um esporte sim, mas é muito mais que isso, é uma filosofia de vida, uma cultura que une amigos e família, compartilhando e vibrando em conjunto!

É um esporte individual, mas é coletivo,  onde todos saem ganhando, pela atividade física, pela diversão, pelas amizades, por cada nova manobra!

O esporte vem amadurecendo, criando  profissionais e abrindo os olhos de patrocinadores para novos potenciais atletas! Quem sabe na próxima Olimpíada teremos ainda mais skatistas aqui do Sul da Ilha?

Mas, ainda melhor que isso, seria ver esse esporte e cultura cada vez mais valorizado e respeitado, não só pelos skatistas, mas por toda a comunidade.

E você já anda de skate? Já pensou em experimentar se equilibrar sobre 4 rodinhas? O cenário nunca esteve tão favorável! Bora-lá!

Farah Diba Albuquerque

Apaixonada por viagem e turismo, Farah Diba Albuquerque não é manezinha no DNA, mas mora em Floripa há quase 30 anos. Fez duas faculdades: Direito e Jornalismo. Mas assume que a vocação é ouvir histórias, entrevistar pessoas e escrever sobre o que vê e sente. Já morou em vários cantos do arquipélago da magia, mas foi só no Sul da Ilha que encontrou o que precisava para escrever seu primeiro livro. É nesse pacote *{natureza, história e espírito de comunidade}* que descobriu um dos presentes da terra. Jornalista do site Sul de Floripa.