As ações do programa Lixo Orgânico Zero no município de São José, na Grande Florianópolis, foram destaque no início de novembro durante congresso estadual e em reunião com pesquisador internacional. A iniciativa coordenada pelo professor da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), Germano Güttler, é realizada em escolas da cidade com o objetivo de fomentar boas práticas no tratamento dos resíduos gerados pela população.
Entre 6 e 8 de novembro, a coordenadora do Setor de Educação Ambiental do município, Ana Paula Dores Ramos, abordou resultados do projeto durante o Congresso de Municípios, Associações e Consórcios de Santa Catarina (Comac-SC), realizado em Balneário Camboriú. O Lixo Orgânico Zero foi apresentado em conjunto com o programa Hortas Solidárias, que incentiva o plantio de alimentos orgânicos na cidade de São José.
O Lixo Orgânico Zero também foi pauta de encontro em 5 de novembro, com o diretor do Centro de Investigação e Transferência de Tecnologia para o Desenvolvimento Comunitário (CITT), Henrique Cau, instituição vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Moçambique. Na ocasião, a equipe apresentou as atividades desenvolvidas no município ao pesquisador, que se mostrou interessado em replicar o método no país africano.
O programa chegou a São José em setembro de 2021 a partir da aplicação do “método Lages de compostagem”, que possibilita a reciclagem de resíduos orgânicos usando garrafas pet (saiba mais sobre a iniciativa abaixo). Desde então, contou com uma série de atividades voltadas à capacitação de professores, gestores e estudantes para a difusão de boas práticas para a redução do lixo no município.
“Há pessoas que estão se dedicando muito e realmente as coisas estão mudando. As prefeituras estão começando a perceber que é um projeto que tem que investir, que tem como fazer. Já há os exemplos de várias escolas funcionando, e os resultados estão aparecendo”, comenta Germano Güttler.
Sobre o Lixo Orgânico Zero
O programa de extensão Lixo Orgânico Zero surgiu em 2011 vinculado ao Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV), em Lages, envolvendo escolas públicas, residências e instituições em torno da mini compostagem dos resíduos orgânicos. Em parceria com a prefeitura da cidade serrana, o projeto cresceu e gerou impactos positivos na comunidade. “Lages produz cerca de 23 toneladas a menos do que outras cidades do mesmo tamanho. Então o trabalho tem dado resultado”, destaca Güttler.
Nos 13 anos do programa, as atividades foram ampliadas e chegaram a diferentes cidades do Brasil. O coordenador explica que as ações envolvem não apenas o compartilhamento do método Lages de Compostagem, que pode ser aplicado em residências e ambientes pequenos, mas também diálogos com gestores, participação em eventos e consultorias com indicação de soluções para organizações que geram um volume maior de resíduos, como hospitais de São Paulo e Espírito Santo, que vêm recebendo assessoria para desenvolver práticas mais sustentáveis.
“Não se trata especificamente de um projeto de compostagem. A compostagem é somente uma ferramenta para se alcançar uma mudança comportamental, para que as pessoas mudem o conceito a respeito do lixo. Ou seja, a base do nosso projeto é as pessoas entenderem que o lixo é uma opção do ser humano, ele não é um produto obrigatório, é a forma como a gente decide o encaminhamento desses resíduos sólidos no ambiente urbano”, afirma o professor da Udesc.
Atualmente, a iniciativa é coordenada pelo docente no Centro de Educação Superior do Meio-Oeste (Cesmo), em Caçador, onde atua como diretor de Pesquisa e Pós-graduação. Conforme Güttler, a estimativa é de que mais de 200 escolas do país contem com projetos de eliminação do lixo orgânico, orientados direta ou indiretamente pelo Lixo Orgânico Zero.
“Nosso princípio é trabalhar de forma que todo mundo possa dar conta do seu lixo orgânico”, pontua.
Ações futuras
A partir de 2025, o programa de extensão contará com um novo projeto para a implantação de modelos de compostagem simplificada em pequenas áreas urbanas. A iniciativa, que conta com recursos de R$ 177.593,00 por meio da emenda impositiva nº 2291, será desenvolvida em cinco cidades catarinenses onde a Udesc está presente: Caçador, Chapecó, Balneário Camboriú, Florianópolis e Joinville.
O objetivo é associar a compostagem à plantação de sistemas agroflorestais, que produzem árvores e podem ser usados para produzir alimentos de forma ecológica. “Existe o potencial de produção de alimentos de alta qualidade, baixíssimo custo e alta sustentabilidade. Então nós estamos com uma expectativa muito positiva com esse projeto de sustentabilidade para ambientes urbanos”, completa Germano Güttler.
Mais informações sobre o projeto podem ser obtidas no Instagram do programa @lixoorganicozero