Na última segunda-feira, 9 de junho, lideranças indígenas participaram de uma mobilização em Florianópolis contra o avanço de projetos de lei no Congresso Nacional que, segundo os participantes, colocam em risco direitos constitucionais dos povos originários. O ato teve início na Casa de Passagem e Ponto de Cultura Goitachá e percorreu pontos simbólicos da cidade, como o Túnel Antonieta de Barros, a Praça XV e a Assembleia Legislativa de Santa Catarina.
O Portal Sul de Floripa acompanhou a manifestação e conversou com representantes indígenas e apoiadores. Entre os entrevistados, o cacique Sadraque Lopes destacou a importância do ato como forma de resistência ao que classificou como ameaças legislativas. “Hoje foi um dia muito importante para nós. Esse ato é contra as leis que estão sendo levantadas por deputados em Brasília que tentam acabar com os direitos dos povos indígenas e com os territórios. Nós somos os guardiões da floresta, cuidamos não só dos nossos, mas de toda a população. Lutamos por água limpa, por um meio ambiente preservado, pelo futuro dos filhos e netos de todos”, afirmou.
Já o advogado indígena Jafé Sateré alertou para os impactos constitucionais das medidas discutidas em Brasília, como o Projeto de Lei 490 e o Marco Temporal. “Essas ações representam uma violação direta da Constituição, da Convenção 169 da OIT e da Declaração da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas. Estamos vendo o Congresso extrapolando suas atribuições ao tentar interferir em questões já decididas ou em julgamento no STF. A luta dos povos indígenas é nacional e internacional, e aqui em Santa Catarina não é diferente”, destacou.
Cíntia Moura Mendonça, apoiadora da causa indígena, também participou da mobilização e reforçou o convite à população de Florianópolis para se engajar. “A luta dos povos indígenas é a luta pela vida. É uma causa de todos nós. Aqui na Casa de Passagem Goitachá, no Campeche, acontecem atividades culturais, feiras de resistência e mutirões agroecológicos. Há estudantes indígenas na UFSC, comunidades Guarani e Kaingang na cidade e é possível se aproximar, ouvir e somar.”
A mobilização esteve em frente à Assembleia Legislativa de Santa Catarina, onde os manifestantes foram recebidos pelo presidente da Casa e seus assessores. As lideranças indígenas pediram uma audiência pública para apresentar suas demandas e alertar sobre os impactos das propostas em tramitação no Congresso.
O ato foi parte de uma articulação nacional coordenada por diversas etnias em todo o país, com o objetivo de barrar projetos como o PL 490 e o Marco Temporal, considerados inconstitucionais pelas lideranças.
A mobilização contou com o apoio de diferentes povos indígenas e organizações locais. Os participantes reforçaram que Florianópolis, antes da colonização, já era território indígena, e defenderam a memória e o reconhecimento dos povos originários como parte fundamental da história e da identidade da cidade.
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