No dia 22 de setembro será comemorado o Dia do Atleta Paralímpico, data celebrada desde 2014, como uma forma de homenagear e conscientizar sobre a importância da inclusão de pessoas com deficiência (PcDs), evidenciando as lutas e vitórias dos atletas paralímpicos no país.
Um dos muitos exemplos de dedicação é o nadador catarinense Thiago Coli de Aguiar. Ele, que já conquistou títulos importantes, tornou-se uma inspiração para atletas paralímpicos em todo o país. “Comecei a participar de travessias no mar pouco antes de completar 12 anos, com 16 anos, passei a competir nas piscinas”, conta.
No ano passado, o paratleta participou de cinco competições, sendo duas nacionais das Loterias Caixa, dois Jogos Paralímpicos Universitários e o Campeonato Brasileiro Paralímpico. Neste mesmo ano em que se formou em Design Gráfico, pela Anhembi Morumbi, Thiago se destacou na sua categoria, a S5-SM4-SM5, como campeão brasileiro universitário, em 50 metros costas e 100 metros peito.
Ainda em 2023, ele também conquistou os títulos de vice-campeão brasileiro universitário nos 200 metros livre; prata nos 50 metros costas, na segunda fase nacional; bronze nos 100 metros peito na primeira fase nacional; bronze nos 100 metros peito, 100 metros livres e 200 metros livre, na segunda fase nacional; além do bronze nos 50 metros costas, na fase final do campeonato brasileiro.
Contudo, quem vê tantas vitórias hoje não sabe que, no começo, tudo foi muito difícil. Ainda com poucas horas de vida, Thiago foi submetido à sua primeira de muitas cirurgias que ainda enfrentaria. Ele nasceu com espinha bífida, uma malformação congênita que ocorre quando a coluna vertebral do feto não se forma de forma adequada, podendo afetar a medula espinhal e os nervos.
Para ter melhor qualidade de vida e desenvolvimento, os médicos indicaram a reabilitação aquática, iniciada ainda nos primeiros meses, em Florianópolis. Seu pai, Gustavo de Aguiar, fala que a identificação com as águas da piscina foi instantânea. “Tudo começou por uma questão de saúde, recém-nascido ele já começou a hidroterapia. Os exercícios foram ajudando a soltar os quadris e, conforme ele crescia, fomos percebendo o quanto isso o deixava feliz. Ele chegava em casa, comia e dormia, nunca teve problemas de sono, nem ansiedade”, lembra.
Gustavo salienta que, além da hidroterapia, seu filho fez outras atividades, incluindo a equoterapia, um método que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem multidisciplinar e exige a participação do corpo inteiro, contribuindo, assim, para o desenvolvimento da força muscular e coordenação motora. “Mas a paixão sempre esteve nas águas. Conforme ele foi crescendo, desafios maiores foram surgindo”, diz o pai.
Paixão à primeira vista – Quando Thiago tinha 11 anos, ele e seu pai viram um outdoor sobre um evento de natação que seria realizado no Sul da Ilha. O cartaz trazia informações sobre a Travessia da Ilha do Campeche, onde os atletas devem nadar 1,5 km da Ilha até a praia.
Thiago conta que foi essa foi sua primeira participação esportiva. “O primeiro desafio foi na coragem e emoção. Eu ainda não conhecia a Ilha do Campeche e pensei que seria uma oportunidade, participando da travessia, já que existe uma categoria para pessoas com necessidades especiais”. Ele entrou em contato com a organização para saber mais do evento, se haveria como competir e se teria segurança, e decidiu participar. “Infelizmente, no primeiro ano, eu não consegui concluir. Entretanto, depois desse, estive em mais três travessias e, em todas, completei o percurso”, orgulha-se. Ao todo, ele já participou de 15 travessias no mar, incluindo em outras cidades, como Porto Belo, Bombinhas e Garopaba.
Algum tempo depois, com 16 anos, o atleta iniciou também as competições nas piscinas. A primeira foi em Curitiba, no campeonato regional para pessoas com deficiência (PcD), que já o levou a ter classificação nacional. “Foi o início de um sonho e eu sabia que estava no caminho certo”.
Incentivo ao esporte – Thiago conta que o apoio recebido de diversos parceiros é fundamental para seguir no sonho de estar nos próximos Jogos Paralímpicos. “Hoje, um dos auxílios que recebo para os treinamentos e para as competições é do Grupo OAD, por meio do programa OAD Sports Team”, diz.
O incentivo ao esporte é a essência do compromisso do Grupo OAD com a comunidade local. O CEO da empresa, Alexandre Groeler, destaca que o apoio ao esporte não se limita apenas ao desenvolvimento físico, mas também ao fortalecimento de valores como disciplina, trabalho em equipa e inclusão. Ele acredita que, ao investir no desporto, o Grupo OAD contribui para o crescimento pessoal dos atletas e para a coesão social, promovendo oportunidades que transformam vidas e inspiram toda a comunidade.
Neste ano, Thiago fez uma cirurgia que o deixou 30 dias internado, no Hospital Sarah Kubitschek, em Brasília. Porém, não é por isso que ele terá uma pausa prolongada. “Por conta da memória muscular, já voltei a treinar, fazer pilates e estou fazendo minha pós-graduação em Design Digital. Quando puder, vou retomar as participações nos campeonatos”, revela.
Natação é orgulho nacional – Nos Jogos Paralímpicos 2024, realizados neste mês em Paris, o Brasil conquistou 26 medalhas na natação, sendo sete de ouro, nove de prata e 10 de bronze.
A próxima edição, em 2028, será em Los Angeles e poderá contar com Thiago de Aguiar. “Quero participar do Meeting e, assim, degrau por degrau, retornar ao brasileiro e conquistar mais medalhas”, conclui.